IAB na luta contra o machismo
O acidente ocorrido no metrô de São Paulo no último dia 4 não deixou feridos e suas causas estão sendo investigadas. Há uma série de questões a serem abordadas e acompanhadas do ponto de vista técnico e civil. Ora, contudo, impera repudiar os ataques misóginos do Deputado Eduardo Bolsonaro expressos em vídeo que intercala trechos costurados de modo descontextualizado, a fim de construir uma narrativa misógina e discriminatória.
No vídeo de menos de 2 minutos, uma das colaboradoras da área de RH da empresa afirma que procura sempre contratar mulheres. Essa simples declaração, tirada de contexto, foi o suficiente para o Deputado atribuir que o acidente foi provocado por uma falha na capacidade da equipe técnica, como se o fato de priorizar a contratação de mulheres pudesse reduzir a capacidade técnica.
O alcance da publicação (900 mil visualizações) demonstra o quanto tal pensamento discriminatório precisa ser enfrentado por todas e todos de forma clara e honesta.
Ações efetivas em vista da equidade de gênero constituem um pacto civilizatório global incluído no Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidades, (ODS 5 – Igualdade de Gênero – e 10 – Redução das Desigualdades). Não há qualquer conflito entre a prioridade de contratação de mulheres e a redução da capacidade técnica, pelo contrário, ainda hoje muitos homens são contratados em detrimento de mulheres mais competentes, como por exemplo, em casos de mulheres com filhos. A disparidade de gênero no mercado brasileiro é uma realidade, e se expressa nas diferenças salariais, na necessária comprovação constante de suas capacidades e na pouca presença das mulheres nos espaços de prestígio e de tomada de decisões em suas áreas.
Reconhecer e compreender os fatores discriminatórios da sociedade, inclusive no âmbito profissional, é fator essencial para construirmos uma sociedade equânime e justa. Por isso, convidamos todas e todos a enfrentar manifestações e ações misóginas com informação, verdade e ações efetivas.
O Instituto de Arquitetos do Brasil, tem adotado medidas para diminuir a discriminação de mulheres, principalmente no campo da construção, tendo criado o cargo de Vice-presidente de Ações Afirmativas e a Comissão de Gênero. O Instituto se solidariza e está ao lado de todas as mulheres e profissionais da construção civil que constantemente precisam enfrentar assédios e violência de gênero para exercer suas profissões.
Alguns links que podem auxiliar no enfrentamento da misoginia e desinformação:
Comissão de Equidade de Gênero Instituto de Arquitetos do Brasil
Quão (des)igual é a arquitetura e urbanismo?
Programa Mulher do Sistema Confea/Crea e Mútua pela consolidação da política de Equidade de Gênero