13ª Bienal Internacional de São Paulo – Travessias

De 27 de maio a 17 de julho de 2022

Exposição
Sesc Avenida Paulista – abertura 27 de maio
 Centro Cultural São Paulo – 04 de junho

Edição traz práticas sociais, arranjos espaciais e as possibilidades de (sobre)viver e transformar a realidade em áreas urbanas e rurais

A 13ª edição da Bienal de Arquitetura, realizada pelo IAB-São Paulo (desde 1973), com o patrocínio master da Belgo Bekaert Arames, parceria institucional do Sesc São Paulo e Centro Cultural São Paulo, parte de uma realidade de intensas transformações geradas pela pandemia de COVID-19 em todo o mundo e que exigiu esforços intensos de organização das dinâmicas urbanas, sociais e profissionais pela sobrevivência. De novembro de 2020 a janeiro de 2021 foi aberto um concurso para selecionar uma proposta de co-curadoria para a 13ª edição que sugeria como eixos norteadores: democracia, corpos, memória, informação e ecologia.

Entre as 11 propostas avaliadas, Travessias, que dá nome à edição, foi escolhida por unanimidade. A equipe vencedora é formada por nove integrantes brasileiros de diversas áreas de atuação: Carolina Piai Vieira, Larissa Francez Zarpelon, Louise Lenate Ferreira da Silva, Luciene Gomes, Pedro Cardoso Smith, Pedro Vinícius Alves, Raíssa Albano de Oliveira, Thiago Sousa Silva, Viviane de Andrade Sá. O grupo, ao lado da curadora residente, Sabrina Fontenele, construiu a 13ª Bienal Internacional de Arquitetura – Travessias. Para saber mais sobre cada participante do grupo clique aqui.

A proposta Travessias entende que a pandemia reforça desigualdades socioespaciais que já se estabeleciam, não só no país, como no mundo, compreendendo que essas estruturas sofrem fragmentações, tanto físicas quanto simbólicas, enraizadas nos violentos processos de colonização e apagamentos históricos. Como consequência, provocam inúmeras manifestações de opressão – como o racismo, o sexismo, o capacitismo e a colonialidade – no Brasil e em diversos territórios pelo mundo.

A equipe curatorial partiu do conceito de travessias da historiadora Maria Beatriz Nascimento, (1942, Aracaju, SE – 1995, Rio de Janeiro, RJ) que investiga o que do passado colonial e das diásporas permanece e o que se altera nesses deslocamentos das populações pelo mundo.

Segundo a equipe curatorial, travessias geralmente estão relacionadas a conexão: a ponte que possibilita a transposição entre duas margens de um rio; a escada faz a ligação entre dois níveis; a rampa vence o desnível de forma acessível; os caminhos conectam territórios. “Travessias também podem ser entendidas como percurso: as migrações forçadas dos povos africanos sequestrados de seus países de origem, as fugas para os quilombos ou os deslocamentos do campo para a cidade. Travessia é, portanto, um movimento que implica corpos e territórios e, se realizada coletivamente, o compartilhamento de experiências, de memórias e de identidade. Os territórios são marcados por desigualdades sociais, temporais e geográficas e, no caso brasileiro, foram conformados por disputas que envolvem o desejo de permanência e de movimento”, completa a curadoria.

13ª Bienal Internacional de Arquitetura – Travessias reúne trabalhos de 10 convidados pela curadoria – instalações artísticas – e de 23 selecionados por uma chamada aberta. A exposição desses projetos será realizada no Sesc Avenida Paulista e no Centro Cultural SP. A 13ª edição é composta por três eixos: a exposição nos dois endereços; por uma extensa programação – conferências, mesas temáticas e performances – que acontece nos equipamentos culturais e espaços públicos do eixo da Avenida Paulista: Sesc, Itaú Cultural e Instituto Moreira Salles; e por atividades educativas – visitas guiadas, oficinas e mediação.

A cerimônia de abertura no Sesc Avenida Paulista acontece em 27 de maio, às 18h30, e contará com conferência de Joyce Berth (Arquiteta e urbanista pela Universidade Nove de Julho e pós-graduada em Direito Urbanístico pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. É autora do livro O que é Empoderamento? (2018), da coleção Feminismos Plurais, e pesquisa o direito à cidade sob a perspectiva de raça e gênero). Já a abertura no Centro Cultural São Paulo, acontece em 04 de junho, às 17h, com performance de Uýra Sodoma, também convidada para a exposição.

A equipe curatorial priorizou trabalhos que trazem à tona narrativas de povos e grupos que são e foram historicamente violentados no país e no mundo. Entre os dez convidados que farão instalações artísticas estão: Arquitetura na Periferia (Minas Gerais – Brasil), Banga Nossa (Angola), Christophe Hutin (Paris, França), Coletivo Coletores (São Paulo, Brasil), Dele Adeyamo (Nigéria/Reino Unido), Francis Kéré (Gando – Burkina Faso), Jaime Lauriano (São Paulo – BR), Mona Rikumbi (São Paulo – Brasil), Mouraria 53 (Bahia – Brasil) e Uýra Sodoma (Amazonas – BR).

CONVIDADOS | Instalações Artísticas

ARQUITETURA NA PERIFERIA (MINAS GERAIS, BRASIL)

Projeto social que visa a melhoria da moradia para mulheres que moram em periferias, por meio de um processo em que elas são apresentadas às práticas e técnicas de projeto e planejamento de obras e recebem um microfinanciamento para que conduzam com autonomia e sem desperdícios as reformas de suas casas. Arquitetura na Periferia tem a missão de produzir e ampliar a informação e o conhecimento coletivamente para fortalecer vínculos comunitários por meio do protagonismo da mulher em toda a sua diversidade.

BANGA NOSSA (ANGOLA)

BANGA refere-se a um grupo de cinco arquitetos angolanos que visam promover a cultura e arquitetura angolana através de projetos e eventos artístico-culturais. Fazem parte de Banga Nossa: Kátia Mendes, Yolana Lemos, Gilson Mendes, Elsimar de Freitas e Mamona Duca. O grupo faz parte de uma “geração mais jovem” de arquitetos angolanos, que busca principalmente uma ou várias identidades na arquitetura nacional. Unidos em prol do desenvolvimento e promoção da arquitetura e artes do seu país de origem, o grupo Banga procura com projetos autorais refletir sobre o estado da arquitetura em Angola, bem como pensar a concepção e morfologia das comunidades, sempre atentos aos sinais da vida cotidiana da sociedade. Na base de trabalho deste coletivo é claro o uso da técnica de colagem, fotomontagens, ilustrações, entre outros recursos gráficos.

CHRISTOPHE HUTIN (PARIS, FRANÇA)

Christophe Hutin é arquiteto e professor-pesquisador na Ecole Nationale Supérieure d’Architecture de Bordeaux. Especializado em arquitetura sustentável baseada na economia da construção, realizou diversos projetos na área de habitação, mas também de equipamentos públicos culturais. Christophe Hutin foi nomeado curador do pavilhão francês na Bienal de Arquitetura de Veneza 2021 em torno de seu projeto: “communities at work”. Ele também foi um colaborador da Bienal de Arquitetura de Chicago 2021.

COLETIVO COLETORES (SÃO PAULO, BRASIL)

Coletivo de arte/intervenção urbana, formado em 2008, na periferia da Zona Leste da Cidade de São Paulo pelos artistas e pesquisadores Toni Baptiste e Flávio Camargo que têm a cidade como suporte para as suas ações. O coletivo propõe a discussão de temas urgentes como o direito à cidade e o combate ao racismo e à exclusão. O duo trabalha com diferentes linguagens como o grafite, a fotografia, a videoprojeção, instalação e game art. Um processo importante para o coletivo é ressignificar os espaços e trabalhar com a memória.

DELE ADEYEMO (NIGÉRIA/REINO UNIDO)

Dele Adeyemo é um profissional transdisciplinar espacial, diretor criativo e teórico urbano.  Sua prática criativa e pesquisa interrogam os condutores subjacentes à produção do espaço, localizando-os na lógica racializante dos processos logísticos que orquestram os padrões de vida planetários. Os projetos de Adeyemo foram apresentados internacionalmente, inclusive na Bienal de Arquitetura de Veneza (2012) e na World Design Capital (Helsinque, 2012). Em 2019, como parte da 2ª Edição da Bienal de Lagos, foi curador e produtor de Black Horizon com o artista Hermes Chibueze Iyele. Em 2020 seu trabalho The Cosmogony of (Racial) Capitalism foi exibido na 5ª Bienal de Design de Istambul.

FRANCIS KÉRÉ (GANDO, BURKINA FASO)

A pesquisa de Francis Kéré, Prêmio Pritzker 2022, envolve a valorização de métodos construtivos e de artesanatos originários, inclusive em forma de mutirões. Após anos estudando no exterior, Kéré retornou à sua comunidade natal com o intuito de construir espaços com materiais e técnicas locais, resgatando sabedorias ancestrais. Ainda como estudante em Berlim, criou uma associação que levantou fundos para a construção da primeira escola primária para a aldeia de Gando. Esse projeto fez Francis Kéré receber o prêmio internacional Aga Khan, em 2004 – algo destinado a reconhecer obras islâmicas, sobretudo com conotação social.

JAIME LAURIANO (SÃO PAULO, BRASIL)

Artista visual. Sua produção busca trazer à superfície traumas históricos relegados ao passado, aos arquivos confinados, em uma proposta de revisão e reelaboração coletiva da História. A obra de Lauriano evidencia como as violentas relações de poder e controle do Estado e do sujeito moldam o processo de subjetivação da sociedade. O artista realizou inúmeras individuais e sua obra está presente em importantes exposições no Brasil e no exterior.

MONA RIKUMBI (SÃO PAULO, BRASIL)

Enfermeira, atriz, bailarina, performer e ativista das causas raciais e das pessoas com deficiência. Foi a primeira mulher negra cadeirante a dançar no Theatro Municipal de São Paulo e participou da construção do movimento negro no país. Tem na religiosidade de matriz africana uma forma de entender o mundo e viver nele. Militante das causas da mulher negra, mãe e cadeirante, Mona já foi tema de documentário. A moradora da periferia de São Paulo é frequentemente convidada para participar de palestras e workshops em todo o país.

MOURARIA 53 (BAHIA, BRASIL)

Mouraria 53 é um coletivo interdisciplinar formado pelo processo de reforma e ocupação de uma ruína-casarão no centro antigo de Salvador/ BA. Mutirões, pedagogia, reuso de materiais, relações entre construção e habitação, e processos de arquitetura são temas que, a partir da experiência da casa, guiam outras pesquisas. Funcionando como uma rede de amigos e projetos, o grupo se une em trabalhos a partir da memória da cidade e da investigação de suas mudanças.

UÝRA SODOMA (AMAZONAS, BRASIL)

Drag queen, artista visual multimídia, performer, bióloga e arte-educadora amazonense, Uýra Sodoma busca levar conscientização não apenas ambiental sobre a vida, mas todo seu caráter social e humano de resistência, da travesti, preta e periférica.Uýra, além de participar de exposições importantes, como na 34a Bienal Internacional de São Paulo, viaja com frequência para pequenas comunidades fluviais para educar sobre conservação ambiental por meio da arte. Graduada em Biologia, desenvolveu pesquisas científicas sobre a conservação de anfíbios e répteis amazônicos.

OS PROJETOS SELECIONADOS

Em continuidade à prática iniciada na última Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp) abriu uma chamada de trabalhos para fazer parte da 13ª edição da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo.

Foram selecionados 23 projetos, sendo 19 de 8 estados brasileiros (regiões norte, nordeste, centro-oeste e sudeste), além de Porto Rico, México, Chile e EUA. A diversidade dos sujeitos e coletivos proponentes foi uma dimensão importante para a seleção de projetos. Foram aceitas propostas de diversos formatos e linguagens, como: maquetes, objetos táteis, imagens impressas, mídias audiovisuais, podcasts, intervenções urbanas, artísticas, textos literários ou pesquisas científicas.

A chamada contemplou ainda um apoio para quatro projetos, todos de fora do eixo Rio-SP, para a produção de trabalhos inscritos na 13ª Bienal de São Paulo: Arami Sertão Mundo (Bahia), Materiais e Tempos (Bahia-São Paulo), Radio Floresta (Amazonas- São Paulo) e Guiada pelos Búzios (Bahia).

Para conhecer os 23 projetos clique aqui.

13ª Bienal Internacional de Arquitetura –Travessias

www.bienaldearquitetura.org.br


Sesc Avenida Paulista

Abertura: 27 de maio de 2022

17h, abertura da exposição

18h30, abertura institucional (IAB, CAU, Sesc)

19h, Conferência de abertura com Joyce Berth.

Visitação: até 17 de julho de 2022

De terça a sexta, 10h às 21h30 | Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30

Endereço: Av. Paulista, 119 – Bela Vista, São Paulo – SP 01311-903

Telefone: 11 3170-0800

 

Centro Cultural São Paulo –  CCSP

Abertura: 04 de junho, às 17h – Performance Uýra Sodoma

Visitação: até 17 de julho de 2022

De segunda a sexta, das 10h às 20h | Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30

Endereço: Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso, São Paulo – SP 01504-000

Telefone: 11 3397-4002