Quão (des)igual é a arquitetura e urbanismo?

Arquitetura e urbanismo são atividades complexas e necessárias para atender as mais diversas demandas do espaço urbano e do ambiente construído. Quando permitimos que somente um grupo limitado se torne o universal de exercício e produto profissional, onde toda a singularidade desse grupo delimita e define como atender a pluralidade e diversidade existente na nossa sociedade, estamos esvaziando a profissão de possibilidades e complexidades naturais a ela. Estamos colocando à margem tudo e todas as pessoas que produzem e demandam uma arquitetura e urbanismo fora do padrão e colocando no centro – universal – um grupo seleto, e que em sua maioria são representantes de todos os privilégios existentes a partir de uma sociedade patriarcal, racista, LGBTfóbica e capacitista.

Se hoje podemos apresentar em dados e números as barreiras por vezes invisíveis impostas às mulheres, pessoas não brancas e LGBTQI+ no exercício e nos espaços de reconhecimento e prestígio da profissão, só foi possível através de iniciativas como o 1º Diagnóstico de Gênero Na Arquitetura e Urbanismo do CAU/BR, que escancaram o que muitas e muitos já sentiam diariamente.

O percurso para eliminar as desigualdades existentes na arquitetura é longo e passa por entender a fundo essas desigualdades, por formulação de ações de combate aos mais diversos preconceitos presentes na profissão, por mudanças grandes e pequenas das nossas ações no cotidiano. Por isso, debater, mapear e questionar as inequidades da profissão é urgente. Este é um compromisso que deve ser assumido de forma coletiva, tanto no âmbito cotidiano do exercício profissional, quanto nas nossas entidades representativas. Assim, será possível construir não só uma profissão mais equânime, mas também cidades e ambientes justos e diversos na nossa sociedade.

Ação desenvolvida pela Vice Presidência Extraordinária de Ações Afirmativas do IAB em conjunto com a Coletiva Arquitetas (in)Visíveis e o Observatório Amar.é.linha com adesão FNA, ABEA, ASBEA, ABAP, FENEA.

Fontes:
1° Diagnóstico Gênero na Arquitetura e Urbanismo, CAU/ BR, 2020
II Censo dos Arquitetos e Urbanistas do Brasil, CAU/BR, 2020