Toda área é de risco. O que se anuncia, há tempos, já está aí. O território, espoliado, maltratado, exaurido, não suporta o que nele colocamos à força – gentes, coisas – ou retiramos à fórceps – matas, minérios, águas.
Os rios não têm onde alargar sua corrente, como é seu direito nas cheias, o solo não absorve as chuvas que chegam torrenciais, as encostas devastadas não se seguram. Sabendo tudo isso, não mudamos um milímetro o que realmente é a causa: o modo como o capital trata o território.
Aceitar a indecente concentração de renda e de decisões é pactuar com as mortes e a devastação que nos impactam a cada ano.
Se não tomarmos a pulso as reformas urgentes – agrária, urbana, tributária –, se não recuperarmos direitos e investimentos no que importa – saúde, educação, moradia, trabalho –, se não escolhermos governos que se contraponham a esse sistema de exploração, toda ação será inócua.
Nesse verão trágico, o Instituto de Arquitetos do Brasil une-se, mais uma vez, à dor das famílias atingidas na região serrana do Rio de Janeiro.
Belo Horizonte, 17 de fevereiro de 2022.
Maria Elisa Baptista
Presidente
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