Entre os dias 7 de setembro e 14 de outubro próximos, a Casa da Arquitectura, na cidade de Matosinhos em Portugual, acolherá a exposição Siza e Oscar: para além do mar, inédita do premiado fotógrafo brasileiro José Roberto Bassul. Trata-se de um diálogo visual entre a arquitetura de Siza Vieira no Brasil e a de Oscar Niemeyer em Portugal. Siza tem uma obra no Brasil, o edifício da Fundação Iberê Camargo em Porto Alegre. Oscar, por sua vez, também tem um projeto edificado em Portugal, o Hotel Pestana Casino Park na Ilha da Madeira.
Ao constatar essa coincidência, Bassul fabulou um diálogo abstrato entre dois dos maiores expoentes da arquitetura modernista em todo o mundo. A exposição terá lugar no Espaço Luís Ferreira Alves da Casa da Arquitectura, em Matosinhos. Nas palavras da curadora, a artista, professora e investigadora portuguesa Ângela Berlinde, “Bassul revela uma habilidade única de amalandrar forças opostas: poder e simplicidade, imponência e subtileza, senso público e intimidade, sempre movido por uma força a um só tempo afetiva e transformadora. A perambular entre o estético, o poético e o político – inspirado nos legados de Lygia Clark e Hélio Oiticica – Bassul entrelaça-se no diálogo entre linhas e formas como se dançasse num mundo imaginário. Seus micro-poemas desvelam um aspeto lírico na atmosfera por vezes agressiva e excludente da cidade. Evidenciam assim que, mesmo conscientes das imperfeições do mundo, haverá sempre lugar para o vivermos poeticamente”.
DEPOIMENTO
“Quando fotografei, em 2019, o extraordinário edifício da Fundação Iberê Camargo em Porto Alegre, sabia que essa era a única obra de Álvaro Siza Vieira edificada no Brasil. Com a câmera, recolhi, em nuances de cinza, fragmentos visuais da sutileza do maior arquiteto português. Tempos depois, percebi uma incrível coincidência. Oscar Niemeyer, o mais importante arquiteto brasileiro, tem também apenas uma obra em Portugal: um hotel na Ilha da Madeira. Em 2021, quando uma trégua da pandemia o permitiu, também ali recolhi, mais escuras e contrastadas, frações abstratas do edifício. Construí então um diálogo visual entre esses dois imensos modernistas, um de expressão mais silente, outro mais eloquente. Cada qual a um lado do Atlântico, encontraram-se poucas vezes. Nas licenças da imaginação, contudo, conversam intensamente. E falam a mesma língua. Não apenas o português, mas o idioma sem fronteiras da poesia.”
José Roberto Bassul
BIO
Arquiteto e fotógrafo, José Roberto Bassul nasceu no Rio de Janeiro [1957] e vive em Brasília. Define sua fotografia como “uma tentativa de desenhar pensamentos, de projetar desejos, de construir espaços para a imaginação”. Ora em construções visuais geométricas e abstratas, ora em abordagens experimentais, seu trabalho volta-se para a arquitetura, a paisagem urbana e para aspectos contemporâneos da vida nas cidades. Recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais, entre os quais o 1º lugar no 10º Prix Photo AF 2021, o Prêmio América Latina do FotoRio 2020, o de Fotolivro do Ano no Moscow Int’l Foto Awards – MIFA 2020 e o 1° lugar, por duas vezes, no Int’l Photography Awards – IPA 2018 e 2021.
Publicado em revistas especializadas no Brasil, França, EUA, Inglaterra, México, Argentina, Itália e Espanha, seu trabalho tem sido frequentemente exposto em festivais, galerias e museus, em dez mostras individuais e dezenas de exposições coletivas no Brasil e no exterior. Publicou os fotolivros Paisagem Concretista (2018) e Sobre Quase Nada (2020). Tem obras em importantes coleções privadas e nos acervos permanentes do Museu Nacional da República, em Brasília, do MAM – Museu de Arte Moderna e do MAR – Museu de Arte do Rio, no Rio de Janeiro, da Coleção Diário Contemporâneo, em Belém, do Museu da F7otografia, em Fortaleza, do IMS – Instituto Moreira Salles, em São Paulo, da École Nationale Supérieure de la Photographie, em Arles, e da BnF – Bibliothèque Nationale de France, em Paris.