IAB marca presença no Fórum UIA 2022 em Madrid

Por Sabrina Ortácio

Remover as barreiras à habitação a preços acessíveis. Essa foi a temática do Fórum Internacional UIA 2022 ‘Affordable Housing Activation, realizado entre os dias 18 e 20 de maio, em Madrid, na Espanha. O evento foi promovido pela União Internacional de Arquitetos (UIA) e organizado pela Secção Espanhola da UIA – Conselho Superior de Colegios de Arquitectos de España (CSCAE) em colaboração com parceiros públicos e privados.

O Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) marcou presença no evento através da delegação brasileira que contou com a participação da atual presidente do IAB, Maria Elisa Baptista, primeira presidente mulher da instituição que completou 100 anos em 2022; do Conselheiro (eleito) membro representante da região III da UIA, membro da Comissão de Concursos Internacionais da UIA e Conselheiro Vitalício do IAB, Antônio Carlos Moraes de Castro; além das conselheiras do IAB Maria José Feitosa, coordenadora do UIA Work Programme Public Space e Marcela Marques Abla, membro do UIA Social Habitat Work Programme e vice-Presidente da Região Sudeste do IAB. Assistiram virtualmente à assembleia, os conselheiros João Suplicy e Rodrigo Loeb.

Segundo Maria Elisa Baptista, presidente do IAB, o evento teve momentos burocráticos como a aprovação de atualizações do estatuto da UIA, mas também contou com uma assembleia com importantes pautas.  Na ocasião, todos conheceram a moção proposta pelos países escandinavos e apresentada pelo representante da Dinamarca. O documento pedia a suspensão da associação dos arquitetos russos devido a guerra contra a Ucrânia.

“A reação foi interessante, pois vários países foram contrários, utilizando o argumento de que arquitetura constrói a paz e que precisamos estar unidos sem excluir ninguém”, avaliou Maria Elisa. Ela lembrou também que já existia um abaixo-assinado onde mais de mil arquitetos russos se colocaram contra a guerra.  Outro ponto levado como argumento por diversos países, foi o exemplo de que representantes da Coréia do Sul e do Norte e, Israel e Palestina, estavam sentados lado a lado no evento. Outra manifestação importante, segundo a presidente do IAB, foi a do colega da Tunísia que falou firme e ao mesmo tempo de forma poética, destacando as fronteiras fechadas na Europa para os refugiados.

“Se fosse para suspender a Rússia, então muitos outros países também precisariam ficar de fora”, destaca.  Mesmo assim, a representante da Dinamarca não suspendeu a moção. Mas na votação realizada no evento a proposta dos países escandinavos foi derrubada por mais de 70% dos votos. “O evento ainda valeu a pena por nossa aproximação com representantes africanos e da América Latina”, complementou Maria Elisa.

“Foram dias intensos interagindo com arquitetos e arquitetas apaixonados de todo o mundo, com a proposta de cooperação das nações nos processos de disseminação do conhecimento e da importância da compreensão universal dos diversos problemas e temas atinentes à profissão. E sobre a perspectiva de integração dos povos sob a bandeira da Paz, de melhorar as condições de habitação adequadas e de tornar as cidades mais equitativas e de melhorar o meio ambiente através da UIA”, destaca Marcela Abla.

O evento também marcou a conclusão do primeiro marco importante do atual mandato da UIA (2021-2023) e a preparação para o próximo evento-chave – o Congresso em Copenhagen que se realizara em 2023.

O primeiro dia da Assembleia esteve voltado principalmente para a apresentação dos Relatórios de Atividades dos membros da Mesa (direção da UIA) e dos vários Órgãos de Trabalho da UIA. Foram apresentados os relatórios das vice-presidências das cinco regiões, das comissões e dos grupos de trabalho.

Após a sessão do primeiro dia foi inaugurada a exposição “Renovação Holística da Habitação Modernista” (COAM, Sala Mercadal), organizada conjuntamente pelas Regiões I e II da UIA.

No segundo dia da Assembleia a comissão do IAB assistiu à apresentação de Alterações em artigos e do Estatuto Social para incluir a previsão de reuniões e tomadas de decisão virtuais e híbridas, avisos mais curtos que levem em consideração a nova tecnologia, correções de contrações óbvias, entre outras modificações que afetam 17 Artigos e 36 Estatutos.

No mesmo dia, também ocorreram apresentações sobre o Fórum de Madri e os preparativos para o Congresso de Copenhague (2023), com o lema “Leave no one Behind”, seguido de apresentações dos dois países que se candidataram para sediar o Fórum Internacional da UIA 2024: Egito e Malásia. Os delegados votaram na Malásia para ser a próxima cidade-sede do Fórum.

A comissão do IAB destaca dois temas discutidos na Assembleia, como a provação do Português como um dos idiomas oficiais da UIA, somando ao Inglês, Francês, Russo, Árabe e Mandarim.

Outro ponto importante do evento, foi a aproximação da agregação europeia e latino-americana da Comissão brasileira do IAB. O objetivo foi manifestar e reafirmar o compromisso das nações e dos arquitetos para a construção da paz frente às situações de guerra, agressões, violência e exclusão. A fala dos colegas uruguaios contempla a proposta do Brasil:

“Los arquitectos somos humanistas y constructores en el sentido más amplio, construimos para la paz y repudiamos cualquier forma de violencia, invasiones y guerras. Queremos inspirar a las naciones a trabajar  por el bienestar de todas las poblaciones y a vivir  unidas en paz. Como Unión Internacional de Arquitectos no deberíamos excluir a colegas de ningún país, tener presente los objetivos de nuestra organización y apostar a la construcción colectiva.”

Além desses temas também foram apresentadas moções pela seção suíça, nórdica e libanesa.

Confira os demais tópicos discutidos no evento internacional:

Acessibilidade da habitação, desigualdade, dinâmica de preços e aluguéis de casas, controle de aluguéis, oferta e demanda de moradias de baixa renda, parcerias público-privadas, sistema de financiamento imobiliário e habitacional, projeto e desempenho para apoiar moradias populares, desenho e arquitetura urbana, regulação do uso do solo e direitos, fator demográfico, sem-teto, estratificação urbana, mobilidade populacional e imigração, política em todos os níveis de governo, questões legais e regulamentos, habitação saudável

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