A Bienal de Arquitetura parte de uma realidade de intensas transformações geradas pela pandemia de COVID-19 em todo o mundo e que exigiu esforços intensos de organização das dinâmicas urbanas, sociais e profissionais pela sobrevivência. Assim, propõe-se um olhar sobre os desafios impostos por esta crise, como também reflexões e propostas que apontem para práticas sociais, arranjos espaciais e as possibilidades de (sobre)viver e transformar a realidade em áreas urbanas e rurais.
A 13ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, que terá sua abertura no primeiro encontro presencial do IAB, a 171ª Reunião do Conselho Superior – 171º COSU IAB, a ser realizada na última semana do mês de maio, assume como provocação central inicial a RECONSTRUÇÃO. Parte-se da ideia de reedificar, refundir e renovar as relações dos grupos sociais com seus espaços domésticos, dos cidadãos com os espaços públicos e das tramas pessoais e profissionais, que ocorrem nos espaços de confinamento e nos de usos coletivos, durante e depois da pandemia de COVID-19.
Em sua 13ª edição, a Bienal pretende estimular reflexões críticas com relação ao espaço contemporâneo enquanto desdobramento de eventos passados e ainda em curso por meio de narrativas que reconstruam temporalidades e levantamentos coletivos de memórias apagadas. Tem como fio condutor a relação entre corpos e territórios pelo viés de sua agência, seus apagamentos e suas resistências.
A RECONSTRUÇÃO convoca-nos a repensar problemas e soluções em diversos aspectos. Para melhor compreender a questão, a 13ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo lança eixos norteadores preliminares que nos guiaram na proposta das fundações deste evento nacional. A questão da Democracia (1) propõe uma reflexão crítica sobre como garantir e estimular práticas políticas nos espaços urbanos em um contexto global e em um país que enfrenta ameaças de recessão democrática. Pensar como tornar as cidades mais acessíveis, seguras, acolhedoras, convidativas, mas também lugar onde contrastes e conflitos são latentes, discutindo questões sobre a presença das diversas classes sociais, das raças e dos gêneros. Também se propõe que sejam levantadas soluções inovadoras em relação ao planejamento e gestão democrática, a partir de experiências vinculadas ao território.
O eixo Corpos (2) lança a discussão para a relação entre espaço e temas como interseccionalidade, vulnerabilidades e políticas sociais. Sugerimos uma reflexão sobre como garantir práticas coletivas tendo em vista questões de saúde pública, discriminação, violência e violações de direitos, de maneira a repensar como garantir acesso, convivência e circulação de pessoas nas cidades. Além disso, anuncia a urgência de garantir programas específicos para grupos específicos, como crianças, jovens, idosos, portadores de necessidades especiais, especialmente nos territórios vulneráveis em meio à crise imposta, ampliando o debate sobre as vulnerabilidades dos corpos nos fluxos pela cidade. Em relação aos espaços arquitetônicos, propõe ainda uma reflexão sobre a flexibilidade dos espaços domésticos, profissionais e institucionais frente ao desafio de garantir usos diversos e saúde coletiva no contexto de isolamento e de retomada das atividades.
Entendendo a Memória (3) como o agente coletivo que nos confronta diante do estranhamento de um novo mundo e nos conforta em relação às suas permanências, mas também como um processo de reelaboração permanente deste passado no presente e que possui a propriedade de conservar ou de apagar certas informações, lançamos o desafio de compreender como utilizar a pré-existência para a reinvenção do cotidiano nas cidades. Este eixo também visa refletir como a arquitetura e a infraestrutura urbana podem colaborar para a construção de uma memória coletiva que torne mais acolhedor o processo de (re)ocupação, (re) construção e (re) significação das cidades.
Neste sentido, a Informação (4) abre horizontes para o debate de políticas urbanas e sociais a partir de uma temática que toca todos os aspectos da vida contemporânea, mas ainda está restrita a especialistas. Propomos lançar luz sobre as questões de privacidade e proteção de dados, bem como às experimentações com modelos de governança de dados públicos e privados no gerenciamento dos corpos e das práticas cotidianas, estimulando o debate sobre cartografias colaborativas, reconhecimento facial, discriminação algorítmica, internet das coisas e ciência de dados urbanos em uma perspectiva de governança de cidades.
Fechamos os eixos norteadores desta Bienal com a questão da Ecologia (5), fundamental para o equilíbrio entre áreas urbanas e naturais, a discussão sobre ecologia propõe a reflexão sobre o planejamento de cidades atentas ao equilíbrio ambiental e ao desenvolvimento de atividades produtivas, voltados para a qualidade de vida de sua população a partir de temas como mudanças climáticas, cidades de baixo carbono, agricultura urbana e segurança alimentar.
Para saber mais, acesse:
www.iabsp.org.br/bia/