O XXV CONGRESSO ARQUISUR apresenta em 2022 o tema “Diálogos Epistemológicos na América Latina: a educação em arquitetura e urbanismo”. O evento será realizado na Faculdade de Arquitetura da UFRGS em Porto Alegre, de 05 a 07 de outubro de 2022, em modalidade híbrida.
O Congresso Arquisur é parte das atividades dos Encontros Arquisur promovidos anualmente pela Associação de Escolas e Faculdades de Arquitetura Públicas da América do Sul, fundada em 1992. Essa Associação visa consolidar um espaço acadêmico de cooperação científica, tecnológica, educacional e cultural entre seus membros, envolvendo, atualmente, 31 escolas e faculdades da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.
Nesse evento anual, realiza-se também a divulgação das premiações organizadas pela Arquisur que são destinadas às comunidades das Escolas e Faculdades associadas e abrangem a tríade ensino-pesquisa-extensão: Prêmio Aroztegui, voltado a trabalhos discentes das disciplinas de projeto da graduação; o Prêmio de Extensão e o Prêmio de Pesquisa.
A partir do tema proposto, “Diálogos epistemológicos na América Latina: a educação em arquitetura e urbanismo, entendemos a cidade, como construção coletiva baseada em experiências e saberes diversos, como um palimpsesto da vida em comum. Nessa sobreposição de escrituras, é possível entrever que alguns vestígios são mais visíveis que outros, uma vez que o poder de transformação dos espaços da vida guarda relações assimétricas entre grupos sociais, sejam elas desigualdades de classe, gênero, sexualidade, raça, entre outros. Com a modernidade, a cidade passa a ser, também, engendrada pelas forças do capital, produzindo-se práticas de controle e mercantilização do território autorizadas por um discurso universalizante e hegemônico às custas de uma miríade de exclusões e apagamentos urbanos. Para Raquel Rolnik (2019), o controle e a exploração se constituem como leis invisíveis que estruturam a vida social, concentrando o poder político e econômico na mão de alguns e subordinando a maioria das pessoas que, ao internalizarem essas leis, vendem sua força de trabalho e mantém o status quo de cidades desiguais e segregadoras.
Diante disso, entendemos que há uma urgência no reposicionamento da arquitetura e do urbanismo no sentido de repensar as epistemologias que fundamentam suas bases de reflexão e operação na educação, particularmente nas escolas públicas. É de responsabilidade dos operadores do conhecimento aproximar-se da realidade complexa da cidade latino-americana, buscando experimentar novas composições de leitura, projeto e planejamento que incorporem a ancestralidade dos povos originários e o respeito a valores como igualdade-diferença, multiplicidade e democracia. E, desse modo, atualizar as disciplinas de arquitetura, urbanismo e design em uma perspectiva crítica, aliada a uma prática transformadora como é proposto por Freire (1980), tanto do ponto de vista da equidade social, como do equilíbrio ambiental.
Nos parece relevante que repensemos aquilo que naturalizamos como conhecimento e como cidade a partir dos pressupostos coloniais, reorientando o pensar/fazer técnico na direção de uma ética planetária e de uma política da partilha (RANCIÈRE, 2009; MORIN, 2007). A partir de pedagogias que promovam o pensamento crítico sobre o aprofundamento da crise planetária que afeta e é afetada pelas cidades, a educação em arquitetura, urbanismo e design pode avançar na direção de uma ação transformadora que tenha a proteção da vida das pessoas e do planeta como valores de referência.